segunda-feira, 11 de julho de 2011

frio no rio

rima mas
não combina

segunda-feira, 23 de maio de 2011

laurel

pensava em mim, pensava na mãe, na cidade nova
pensava na imensidão, em ser desconhecido nesse chão

saí em busca do caminho novo
vi pela primeira vez o recorte daquele prédio

-nunca estive aqui

andei ladeira abaixo seguindo o conselho do pivete que quis
mas não conseguiu me roubar

'cá estamos

sinto eles
e todos me sentem

---

recém saído da ladeira do castro, dando a tez ao sol
estou absorto e eis que:

"castor?!"

era ela!
não lembro seu nome

surpreendeu-nos o cruzar e enternecemos com a lembrança
dos dias, das duas vezes em que me conheceu

uma no pedido descarado de carona que eu nunca teria negado
em frente à uma casa, embaixo de uma árvore
com um cigarro na mão

a troca foi boa e a sintonia evidente
pelo passe das graças meu nome ela já conhecia

é que no buteco falando de filhos
a mulher ao lado entrou na conversa e fez uma declaração anônima

a mim!

---

andando lembrei que gostaria de ter escrito sobre esse encontro
quando na época ele ocorreu

no fim da ladeira lembrei da noite em que de carro passei por ali
quando um amigo me levou a um encontro

'nos sentimos

os anjos e uns e outros

quarta-feira, 11 de maio de 2011

maciota

abro a porta
fecho a porta
viro a chave

escuto meu calcanhar bater no chão
e imagino, "estarão dormindo?"

abro outra porta
piso outro chão

MIAU! (cala boca)

estão

sábado, 7 de maio de 2011

ruínas circulares




fechando o III festival de teatro ruínas circulares as performances de ana reis, castor, luana magrela, marcelle louzada e ricardim ramos, e ricardo alvarenga. centro cultural veredas, às 22 horas, praça tubal vilela 181, no centro de uberlândia

sábado, 30 de abril de 2011

crisálida









corte de seda e corpo

inverto a perspectiva comum
me insiro no íntimo entre os tecidos
componho formas reveladoras
uma visualidade tátil

---

fotografias criadas para a designer de moda patrícia bonaldi
expostas no lançamento de sua coleção outono/inverno
em sua loja matriz, rua goiás 226, centro
uberlândia - mg


sábado, 9 de abril de 2011

o homem, o gato, a pá e o coração em frangalhos



o gato cava com a pata, caga e esconde a cagada. o homem cava com as mãos e acha a cagada. a pá apenas cava um buraco pra esconder um coração em frangalhos. a pá tem um coração enorme. o gato um coraçãozinho. o homem tem frangalhos. o coração caga e não esconde. o gato em frangalhos já não tem que esconder a cagada. o homem caga e não olha pra trás. a pá não tem remorso. a pá tem serventia. o homem às vezes tem. o gato tem, inegavelmente. o coração tem também. os frangalhos não. só se forem enterrados pelas mãos do coração. não pelas de um gato com uma pá.

---

para deborah vinhal, ronron nêga!

terça-feira, 15 de março de 2011

07/40

talvez eu só deva dizer que passados sete dias não traguei mais nenhum
matenho-me firme no propósito de ser radicalmente outro
e de escrever todos os dias

peço agora licença pra me resguardar um pouquinho
estou prestes a cavar profundo demais
e é melhor manter a sujeira
fora das vistas
alheias

sigo e até a páscoa!

segunda-feira, 14 de março de 2011

06/40

marcada a data
do primeiro encontro
amanhã as seis o diagnóstico

pechinchei e taí
50 reais de desconto
um tanto bom pra começar

espero que não venham caros
os possíveis alopáticos
que tenha de tomar

lá na unipsico
me alegrei também
ao menos humanos os valores

encontrei uma amiga depois
uma e.t. recém achada
que amo horrores

falamos sobre a vida
a gente, eles e os outros
nos conhecendo mais um pouco

conversamos sobre os sonhos
os que temos pela frente
e os que tive hoje

sonhei com elza
era amiga minha a diva
depois metralhei um escritório

tirei da garganta um filé de frango
peguei carona num caminhão
me alojei em londres

fui longe e não entendi
as conexões eu não fiz ainda
vou dormir e quem sabe se esclarece


domingo, 13 de março de 2011

05/40

brinquei com as crianças hoje
barco viking, algodão doce e batata frita

-mas tem que ser do mac donald´s, cas!

o que fazem com a cabeça das crianças, me digam?

li a primeira página de uns 10 livros na seção infantil
ela me pedia pra ler e sentava com a verdadeira carinha de interesse
mas nunca íamos pra segunda página, a criança ao lado a distraia
ou os barulhinhos que alguns livros espetaculosos fazem
as vezes era o tema que não agradava mesmo
a bíblia para crianças foi a recordista
abandonada em pouco segundos
fiquei tão orgulhoso!

passear no shopping é quase sempre uma campanha

-olás...

-oi, tudo bem?

-nossa quanto tempo?!

-passeando com as crianças!

-ah que gracinhas de mocinhas, são suas?!

-opa, e aquele projeto? bora fazer cara. te ligo...

mas numa dessas achei o filho do psiquiatra da família
cujo "encontrar seu telefone" era a primeira missão da segundona

primeira missão cumprida de antemão
que eu encontre sempre a facilidade nessa batalha

e a felicidade depois!

sábado, 12 de março de 2011

04/40

ansiedade
estresse
pânico

foram as palavras ouvidas nas conversas
que se seguiram com os amados que busquei

o pai
a mãe
a amiga

cada um disse o que outro já sabia
que é preciso ouvir e interpretar o grito

o psiquiatra
o psicológo
o xamã

agora é hora de buscar a ajuda devida
que pode até vir de fora mas vem antes

do eu

sexta-feira, 11 de março de 2011

03/40

o três é hoje um numeral tão dolorido

que talvez apenas a dor dum parto natimorto,

quando os dois não viram três, seja capaz de metaforizar a minha


o exame médico foi um blefe apenas menor que o blefe meu


é que trabalho mesmo eu não fiz

e antes dei


depois de preenchida a ficha que me examinou melhor que o médico

que só me olhou menos que a ela mesma

segui interrogativo ao trabalho


seriam meus motivos tão pequenos quanto os de alguma pessoa,

física ou jurídica

que vende seu (sub)superestimado trabalho apenas pelo cego

replicar do sistema???


lembrei do meu plano, que é antes uma tentativa de sobreviver a esse mundo

e achei que não, meus motivos são dignos


vesti portanto aquela calça de elástico tamanho m que tanto me sobrou as beiradas

decorei o delicioso cardápio em menos de vinte minutos e superei o primeiro desafio

adentrei o posto pra saber do veterano as manhas e maneiras de se dar com o lugar


o trabalho é simples

a aprendizagem é fácil

mas eu contudo não sou


é que de repente escorre uma gota gélida pela minha testa

não fosse a simpática bandana uma pizza seria salgada a mais

eu tento me focar, estralo os dedos das mãos na ânsia de me aliviar

mas só pra perceber que as palmas já estão embebidas naquele suor frio


limpo as mãos no avental rosa e ali ficam minhas impressões

como aqui também nas paredes, fantasmas de um outro tempo

e elas num repente, como se me repelissem, avançam sobre mim

me obrigam a buscar em outro canto o ar que já me faz tanta falta


fechos os olhos e respiro fundo

o cheiro das pizzas me oprime

vagueiam frios pelo estômago

encosto no balcão e olho o relógio


seria uma hora e meia o suficiente pra uma crise?


dissimulo minha situação

me sustento até o banheiro

só pra cair na mais pura solidão

e me entregar àquele desespero


choro copiosamente

como se isso não fosse um clichê do desespero

e sim a mais genuína manifestação de um homem

ainda que ali, meio


chamo a mãe como os fiéis chamam o pai

e saio dali antes que já não possa mais

passo um tempo surreal com ela

falo quando e quanto posso

ouço enquanto choro


-firma, que a ajuda vem

e amanhã é outro dia


quinta-feira, 10 de março de 2011

02/40

hoje efetivamente começam as mudanças

vestirei pela primeira vez aquele uniforme
me preocupo se as calças servirão bem
é sempre um desafio pra elas
me cairem bem

parecem sempre preferir vestir bundinhas rechonchudas

faço um exame médico também, praxe das contratações formais
e me alegro por não ser um exame psicológico
e não será mesmo?

se for, e se me mostrarem aqueles papeizinhos pintados
não temerei dizer o que quer que me venha à cabeça
ainda que frente a um desconhecido eu deveria

pros amigos daqui
já que tenho me aberto tanto
confesso estar me sentindo um pouco assim:


prefiro as composições dela
embora esse cover tenha caído bem
e embora eu saiba que meu mundo irá mudar

quarta-feira, 9 de março de 2011

01/40

começo hoje

me propus a fazer uma quaresma

estou literalmente me fodendo para o catolicismo e a balela (?) da ressurreição
mas hoje começo, coincidentemente, uma nova etapa na minha existência
tenho um plano e o estou pondo em prática
acreditem que isso é novíssimo pra mim
sempre água-viva de marés

começo me desafiando a não fumar
se carne eu já não como mesmo melhor acabar com os tragos
é uma pena deixar de lado também a sensação de estar invariavelmente
conectado ao mundo, mas chegou a hora de alterar meu conceito de "expansão sensorial"

começo também hoje um trabalho, um emprego formal de carteira assinada
que é pra tratar de me dar logo um choque de realidade

e, pelo visto, começo ainda um série de postagens sobre esse tempo vindouro
virei aqui todo dia me dar, e a vocês, satisfações sobre a empreitada

é que quando há um tantinho a mais de desamor próprio
nada como o orgulho e um breve compromisso
ainda que as cegas, pra manter a linha

me proponho então a levar diversos tapas na cara

todos os dias assim que acordar e souber que hoje tenho que fazer algo
ainda que não goste ou não o queira só pra ganhar
aquele desgraçado dinheirinho a mais

sempre que quiser me encher os pulmões de tragos e transcender essa vil realidade
e me lembrar que não posso porque não quero mais e me controlar
que isso de estar sóbrio pode ser a melhor droga pro viciado

por fim toda vez que eu estiver aqui e não houver o que escrever
ainda que sempre haja algo mais a dizer.

que venham pois todas as bofetadas
que apesar de magricelo, perdido e melancólico
eu sou antes um homem e darei sempre a outra face.

---

fiquei na dúvida se postava ou não
consultei o tarot do dia
e taí:

ÁS DE ESPADAS

ROMPENDO COM A ESTAGNAÇÃO

É chegado o momento, Castor, de romper com a estagnação. O Ás de Espadas transborda como arcano de conselho para você, hoje, sugerindo que você corte implacavelmente todas as coisas, pensamentos, hábitos e pessoas que não lhe servem mais e que procure sustentar seus pensamentos e opiniões, mesmo que isso signifique desencadear antipatia nos outros. Este é um momento de renovação em sua vida, de idéias novas que fervilham e você poderá tomar as iniciativas que tirarão sua existência da rotina e do tédio. Prepare-se para uma nova e deliciosa aventura e não se preocupe tanto em ter uma “personalidade simpática” nesta fase de sua vida. Há momentos em que a atitude mais sedutora é aquela que não prima pela docilidade, mas que se compromete com a verdade. É quando sabemos que não estamos sendo simpáticos, mas estamos sendo honestos. Ainda que não agrademos, não há como negar o notável poder sedutor da pessoa que age com integridade – mesmo quando age de uma forma superficialmente antipática.


Conselho: Ser fiel à verdade gera antipatias, mas muitas vezes é fundamental!


obrigado pelo sábio conselho personare!


sábado, 26 de fevereiro de 2011

jeux dangeureux


kora era minha favorita
punha minha cabeça nos pés
ela sendo tocada me exita

suas grossas fibras vibravam
os sons nas curvas do baixo ao revés
entes entre si conversavam

em brasília vislumbre feliz
dançando tango encarnado
conversamos até sobre elis

depois de os dois fundidos num
fé e cardamomo encorpado
de presente a dei para avezzum

sua exitação foi além
foi na hora dela outro refém
e a mostrou rapidinho à alguém

que coincidência sonora
esse outrém até então de fora
ter beijado quem toca kora!


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

sincronicidade do sol

sério tentei me fechar
ser sério

não sei se é assim tão possível
é passível ser sério?

talvez tenha antes que gritar o todo
antes de implodi-lo
e ficar de mal de mim
me trancar branquelo no quarto

se há luz apenas ao entardecer
há que estar cavernoso
e morceguento

poderia até aceitar que sou assim:
vcs que ascendam lampiões!!!

nada

entardecer na piscina com rita no alto falante é vida
e se surge um resquício dele na sopa ainda mais!

ambulando desde a infância
eu até quis ser hermético
padecer o mal do michael
ser brilhante
e pesado
demais

melhor achar a gal numa floresta sonsa de agora

me guardei e me perdi em cinco
umas semanas na obscuridade
dormia quando Ele (rá!)
me oprimia luz

de lá melhor enfrentar

numa democracia instaurada
nada melhor que revolucionar contra si

e se?

e se além de mim perdido no eu mesmo houver outro
um além do tão dito e possibilidades a mais
mais que do mesmo eu aquele
que oprime

e aí uma palavra

sim,
porque não é a energia criadora uma palavra?
e deus disse: ai que tolos!

enfim

porque daí se mesmo perdido
acordo pensando que se quiser
e se tentar e se
suportar
o todo
da vida
que segue
inexorável eu
admitir, impor, istaurar ou desejar?
ser um diretor de arte!

penso o que fazer para chegar lá

é que acordei com uma vontade súbita de me afirmar diretor
de mim
das artes
ou de que?

é possível dirigir tal?

o mérito é do motorista,
do combustível,
do mecânico,
ou da gostosa que passa?

ou da mãe?

mas se amanheço querendo ser o tal
me pergunto, como começar a sê-lo?!

e antes que me perca
again
nas impossibilidades de me fazer tal
nos caminhos todos e incertos que

me levariam a lá?

penso se isso me vem da alma (que piegas!)

ninguém nunca me disse
quando era criança
que queria ser
um diretor

de arte?
(da minha!)

eu nunca soube o que era isso até minha tenra infância
e pausa pra mamadeira....

desculpa sô
bobo transviado
mas eu

daí uma amiga me busca e me leva pra ela
donde se acha que agora se entende
que não há tipos para ser
que isso
sempre entorpece

mas no sofá dela
me deixo lembrando
de que quando eu era criança
amava desmontar a caixinha do meu pai ilustrador
e escalonar todas aquelas fichas por cores
fazer um degradê

empírico?

as cores todas
do bebê ao choque
punha as mãos no queixo
e ficava olhando

e viajava

num arco-íris claro!
na infância não há previsibilidade poética
só poesia

e sim
a sós!

é que pra fazer curso de direção de arte
os conhecimentos básicos são
pré requisitos cores croquis
plantas baixas
e blah

não me diziam nada...

ainda assim
ali estou eu

imóvel

sobre os lençois onde
talves fui concebido?

olhando aquelas cores
todas
lindas
apesar de eu não gostar
particularmente do azul

daí ela entra na banheira de portas abertas
eu ainda no sofá

ave minha irmã!

e ela canta assim
aquela música das manhãs
dos idos anos oitenta:

...

uma canção que me fez todo sentido
me devolveu a sensação de estar vivo

só pq hoje eu não dormi
resolvi ficar e encarar o dia
toda aquela opressão bela do sol
que escancara a vida

entro no carro

e passados os devidos segundos
ela paulatinamente me liga
outra grande e amiga
põe aquela musiquinha da flora matos
cantando pro castor:

"fica só pra esperar o sol
fica só pra esperara o soool
fica só até sol raiar"

é

a vida é massa
e há que sovar.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

carta à tertúlia


minha cara

saudades de nossa tertúlia
imaginária amiga das horas altas da madrugada

me sentava eu pra ti
com elas e alguns ao lado

no toque virtual
um enter
o mundo do outro

é que pra ti, oh passada, me abri em coisas
dei de mim o que já não me resta

fiz um e-mail só pra nós
pra ti ter
tu

tinha vergonha da cara lavada
de escritor anônimo
xinfrim

um dia por loucura minha briguei consigo
dei e mandei um chilique pelo silêncio
demasiada atenção queria eu

assim fiquei

um dia acessei a caixa e era porém muito tarde
nossos encontros sempre davam na noite
mas dessa vez a mensagem
dizia que a conta expirou

o tempo nos matou, gong

fiquei sem amiga
perdi também palavras no espaço virtual
não entreguei as tantas páginas que um dia pedira sobre o sexo
ainda que não fossem dezessete

nossas cartas trocadas de afagos lambidas e trepadas
talvez ainda tenha se alguma coisa valha
quiçá eu na memória

na esperança de ter a amiga de volta
e nossos arquivos também

saudoso de
ter tu
lia
com carinho
cat

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

the guava

the guava é o título provisório, ou não
do poema longo (?) que foi postado aos poucos
e que correspondem os cinco últimos posts deste mês.

sua ordem proposta segue a enumeração
e ele está ainda em estado de amadurecimento.
conforme passa o tempo e correm sobre ele os olhos
ele matura e quem sabe um dia fica um pouco mais redondinho
e gostoso.

pode ser que apodreça também.

até!


cat


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

# 5

depois de embalado pelo berço salgado
sono

se pudermos transcrever sonhos e ninar
talvez possamos ver o elo dos halos
no lapso do tempo
eclipsar

cedo acordei vazio
há vida e doem as pernas
com a satisfação imensa
mas no estomâgo falta

quiseram comigo ir logo ali
eu a princípio não quis
mas que faço?

'se não agrada o lugar que agrade a companhia

bem apessoado até
toda aquela infinidade de combinações possíveis
mas sei o quero e exatamente o mais barato dos líquidos
recheio sem carne

ainda assim me projetei pro interior da estufa
enquanto atendiam aquele casal ao lado

será qual desses é o maior deles
aquele tem fiapos de frango
parecem melhor
morenos
e tal

-no sakolinya, no

-hãn?

-no prrecisssa sakoll

daí ela faz um arco só e olha ao lado
dá pra ver onde terá marcas de expressão
ainda assim não precisei sair da estufa

-eles não querem levar a comida nas sacolas plásticas eu quero um desse

não sei
estava absorto
tantos sauces álamos amieiros

demorou pra sentir aquele peso me fitar

represado dei com o olhos de um par de linces
cresceram às minhas margens dois plátanos bastardos
mostravam dentes amistosos como conhecidos
não os temia contudo

surpreso quase demorei a entender
sou pra eles aquele que comia a fruta

-how random!

e segue um breve diálogo de amenidades
pra fingir que não intriga essa força
nem o conceito invertido
daquela palavra

somos
e até

---

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

# 4

imagino essa descida farta como está de felicidades
e o santo ajuda na volta à casa de mamãe oxum

arrebatou-me a visão da garrafa!

fluido se purificando
era quase possível decifrar as notas que ali naquela pedra tomada viva de dureza
o fluxo das águas jorrava pelo bocal

verti uns goles de paz súbita e sapiência

se está certo ainda que torto tanto melhor
que o descuido seja sempre um pretexto pra outra benção

sento com meus pontos alinhados
vibrando em espiral agradeço a oportunidade
olho em volta a massa viva de abrangência espectral é ruidosa
ser que espanta solidão

se ao menos houvesse aqui um amigo a mais para compartilhar

e claro
uma bruxa me toca

não impressiona dar sinal na tijuca
mas intriga saber que deslocado das gerais
não há crédito pra roamimg

-ferí?

do sorriso a enxurrada que tenta levar a excitação além
toda ela

-é um privilégio compartilhar com ti!

e há mais tempo nesses segundos

'apenas se não pensar neles

tu tudo mudo

senda e
mar

---

domingo, 23 de janeiro de 2011

# 3

à sombra de um santo
parei

na interceção dos fluxos
insinuando cinza morro acima
através de esquadrias envidraçadas
olhos grandes de zoológico em mim

tangerina no asfalto

num momento comi uma banana
noutro

outra

sigo entre nuvens vislumbres de um futuro janeiro
encontro distintos seres no caminho
o destino é ao menos alguns

lá em cima o céu é burocrático
[muito pequeno espaço para um protesto]

mas no sopé daquela pretensa grandeza
o homem entre a névoa mística e o poder do sol
funde a sombra na imagem semelhante

o burburinho fotográfico e as bugingangas embora fartos àquela altura
não sobrepujam o silencio que abrange o miolo de uma goiaba
morder como um deus aquelas crostas e tirar dela os seus

sementes enchem de espaço e possibilidades

é difícil não estar tão absurdamente entregue à mastigar a realidade que se lhe apresenta

em inglês dois gringos conversam próximos
questionam dúvidas sobre a cidade que se suporta
vista abaixo

-seria a margem de lá ainda rio?

apesar de absorto nos horizontes interví
disse-lhes que não

'lá é sempre outro lugar?

olhei mas não os ví
ela entretanto olava a goiaba
não havia porém meios de precisar seu olhar
desviar-me seria talvez um disparate diante da visão

gentis agradeceram pelo que levaram e foram

e me levaram

sigo
e mais

---


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

# 2

levo plantas mágicas
cantigam louvores sabiás
o ritual demanda que ascendam trocas
compõe a refloresta os tons entre tantas vidas e eu

passeio o caminho já trilhado por índios negras futuristas
a exuberância não é menor que a diversidade
e aqui o tempo nunca pôde ser outro

deixa escutar saguis que não estão em seus cânticos
escravas lavam mais roupa que alma em poças do rego
até entrever formas geométricas nos dorsos em brasa
o cheiro do café torrado empesteando ares da jurema

'aqui o tempo acontece na medida do pensamento

se se pergunta pois se não há que ser cuidadoso por estar só
já que pode aparecer uma
serpente
ainda que gente
se esverdeando pelo caminho
ela aparece

e se compreende

já é possível codificar a mensagem do assovio que fazem as gotas ao atravessar os poros
no peso da subida degraus são raízes que mantem no chão e ajudam nos passos
junto delas envolvido em seu abraço o calor se sente humano e mais
os troncos corrimãos amigas que amparam gentileza
não faltam toques sempre dão força mas
há sede

'a água que trazia ficou na cachoeira abaixo enquanto preparava a cabeça pra benção
apenas por ter pensado que assim poderia suceder se dela descuidasse

contudo
mexericas e paciência

cravei o indicador nos gomos e senti

seguindo caminho com olhos de quem persegue um cheiro pelo ar
cheguei num rio de troncos secos a tempo de ver o monstro
subindo pela curva que faz a
esquerda

tem quem page mais de 40 ladrões pra chegar rapidinho ao céu

trilhos
e paro

---


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

# 1

acordei e era o sol

nas curvas dela o cheiro verde da atlântica escorria
o véu anil se espalhava fractal
nós braços abertos

preciso e só
sapatos de cânhamo e borracha
calças curtas pra deixar ver a paisagem
levo o peso de uma possível camisa xadrez pro frio
o livro que leio quando quero abduzir
duas bananas duas mexericas
uma goiaba
e água

me elevarei a lá

trotei do quinto andar
até a júlio de castilhos
dei a volta no pavão
passeei pelo vinícius

cá cheguei na água parada

'aqui sempre olho pra trás
tem uma curva de concreto que paira a metros do pavãozinho

segui o caminho dos socós que voavam seu jardim
pra pousar de novo o dos lage

sem querer entrei num reino aquático
contemplei fundo olhos de um tubarão

'é que a sabedoria meu filho é o começo de um labirinto

um
e parto

---