segunda-feira, 11 de julho de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
laurel
quarta-feira, 11 de maio de 2011
maciota
sábado, 7 de maio de 2011
ruínas circulares
sábado, 30 de abril de 2011
crisálida
sábado, 9 de abril de 2011
o homem, o gato, a pá e o coração em frangalhos
terça-feira, 15 de março de 2011
07/40
segunda-feira, 14 de março de 2011
06/40
domingo, 13 de março de 2011
05/40
sábado, 12 de março de 2011
04/40
sexta-feira, 11 de março de 2011
03/40
o três é hoje um numeral tão dolorido
que talvez apenas a dor dum parto natimorto,
quando os dois não viram três, seja capaz de metaforizar a minha
o exame médico foi um blefe apenas menor que o blefe meu
é que trabalho mesmo eu não fiz
e antes dei
depois de preenchida a ficha que me examinou melhor que o médico
que só me olhou menos que a ela mesma
segui interrogativo ao trabalho
seriam meus motivos tão pequenos quanto os de alguma pessoa,
física ou jurídica
que vende seu (sub)superestimado trabalho apenas pelo cego
replicar do sistema???
lembrei do meu plano, que é antes uma tentativa de sobreviver a esse mundo
e achei que não, meus motivos são dignos
vesti portanto aquela calça de elástico tamanho m que tanto me sobrou as beiradas
decorei o delicioso cardápio em menos de vinte minutos e superei o primeiro desafio
adentrei o posto pra saber do veterano as manhas e maneiras de se dar com o lugar
o trabalho é simples
a aprendizagem é fácil
mas eu contudo não sou
é que de repente escorre uma gota gélida pela minha testa
não fosse a simpática bandana uma pizza seria salgada a mais
eu tento me focar, estralo os dedos das mãos na ânsia de me aliviar
mas só pra perceber que as palmas já estão embebidas naquele suor frio
limpo as mãos no avental rosa e ali ficam minhas impressões
como aqui também nas paredes, fantasmas de um outro tempo
e elas num repente, como se me repelissem, avançam sobre mim
me obrigam a buscar em outro canto o ar que já me faz tanta falta
fechos os olhos e respiro fundo
o cheiro das pizzas me oprime
vagueiam frios pelo estômago
encosto no balcão e olho o relógio
seria uma hora e meia o suficiente pra uma crise?
dissimulo minha situação
me sustento até o banheiro
só pra cair na mais pura solidão
e me entregar àquele desespero
choro copiosamente
como se isso não fosse um clichê do desespero
e sim a mais genuína manifestação de um homem
ainda que ali, meio
chamo a mãe como os fiéis chamam o pai
e saio dali antes que já não possa mais
passo um tempo surreal com ela
falo quando e quanto posso
ouço enquanto choro
-firma, que a ajuda vem
e amanhã é outro dia