à sombra de um santo
parei
na interceção dos fluxos
insinuando cinza morro acima
através de esquadrias envidraçadas
olhos grandes de zoológico em mim
tangerina no asfalto
num momento comi uma banana
noutro
outra
sigo entre nuvens vislumbres de um futuro janeiro
encontro distintos seres no caminho
o destino é ao menos alguns
lá em cima o céu é burocrático
[muito pequeno espaço para um protesto]
mas no sopé daquela pretensa grandeza
o homem entre a névoa mística e o poder do sol
funde a sombra na imagem semelhante
o burburinho fotográfico e as bugingangas embora fartos àquela altura
não sobrepujam o silencio que abrange o miolo de uma goiaba
morder como um deus aquelas crostas e tirar dela os seus
sementes enchem de espaço e possibilidades
é difícil não estar tão absurdamente entregue à mastigar a realidade que se lhe apresenta
em inglês dois gringos conversam próximos
questionam dúvidas sobre a cidade que se suporta
vista abaixo
-seria a margem de lá ainda rio?
apesar de absorto nos horizontes interví
disse-lhes que não
'lá é sempre outro lugar?
olhei mas não os ví
ela entretanto olava a goiaba
não havia porém meios de precisar seu olhar
desviar-me seria talvez um disparate diante da visão
gentis agradeceram pelo que levaram e foram
e me levaram
sigo
e mais
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