sábado, 26 de fevereiro de 2011

jeux dangeureux


kora era minha favorita
punha minha cabeça nos pés
ela sendo tocada me exita

suas grossas fibras vibravam
os sons nas curvas do baixo ao revés
entes entre si conversavam

em brasília vislumbre feliz
dançando tango encarnado
conversamos até sobre elis

depois de os dois fundidos num
fé e cardamomo encorpado
de presente a dei para avezzum

sua exitação foi além
foi na hora dela outro refém
e a mostrou rapidinho à alguém

que coincidência sonora
esse outrém até então de fora
ter beijado quem toca kora!


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

sincronicidade do sol

sério tentei me fechar
ser sério

não sei se é assim tão possível
é passível ser sério?

talvez tenha antes que gritar o todo
antes de implodi-lo
e ficar de mal de mim
me trancar branquelo no quarto

se há luz apenas ao entardecer
há que estar cavernoso
e morceguento

poderia até aceitar que sou assim:
vcs que ascendam lampiões!!!

nada

entardecer na piscina com rita no alto falante é vida
e se surge um resquício dele na sopa ainda mais!

ambulando desde a infância
eu até quis ser hermético
padecer o mal do michael
ser brilhante
e pesado
demais

melhor achar a gal numa floresta sonsa de agora

me guardei e me perdi em cinco
umas semanas na obscuridade
dormia quando Ele (rá!)
me oprimia luz

de lá melhor enfrentar

numa democracia instaurada
nada melhor que revolucionar contra si

e se?

e se além de mim perdido no eu mesmo houver outro
um além do tão dito e possibilidades a mais
mais que do mesmo eu aquele
que oprime

e aí uma palavra

sim,
porque não é a energia criadora uma palavra?
e deus disse: ai que tolos!

enfim

porque daí se mesmo perdido
acordo pensando que se quiser
e se tentar e se
suportar
o todo
da vida
que segue
inexorável eu
admitir, impor, istaurar ou desejar?
ser um diretor de arte!

penso o que fazer para chegar lá

é que acordei com uma vontade súbita de me afirmar diretor
de mim
das artes
ou de que?

é possível dirigir tal?

o mérito é do motorista,
do combustível,
do mecânico,
ou da gostosa que passa?

ou da mãe?

mas se amanheço querendo ser o tal
me pergunto, como começar a sê-lo?!

e antes que me perca
again
nas impossibilidades de me fazer tal
nos caminhos todos e incertos que

me levariam a lá?

penso se isso me vem da alma (que piegas!)

ninguém nunca me disse
quando era criança
que queria ser
um diretor

de arte?
(da minha!)

eu nunca soube o que era isso até minha tenra infância
e pausa pra mamadeira....

desculpa sô
bobo transviado
mas eu

daí uma amiga me busca e me leva pra ela
donde se acha que agora se entende
que não há tipos para ser
que isso
sempre entorpece

mas no sofá dela
me deixo lembrando
de que quando eu era criança
amava desmontar a caixinha do meu pai ilustrador
e escalonar todas aquelas fichas por cores
fazer um degradê

empírico?

as cores todas
do bebê ao choque
punha as mãos no queixo
e ficava olhando

e viajava

num arco-íris claro!
na infância não há previsibilidade poética
só poesia

e sim
a sós!

é que pra fazer curso de direção de arte
os conhecimentos básicos são
pré requisitos cores croquis
plantas baixas
e blah

não me diziam nada...

ainda assim
ali estou eu

imóvel

sobre os lençois onde
talves fui concebido?

olhando aquelas cores
todas
lindas
apesar de eu não gostar
particularmente do azul

daí ela entra na banheira de portas abertas
eu ainda no sofá

ave minha irmã!

e ela canta assim
aquela música das manhãs
dos idos anos oitenta:

...

uma canção que me fez todo sentido
me devolveu a sensação de estar vivo

só pq hoje eu não dormi
resolvi ficar e encarar o dia
toda aquela opressão bela do sol
que escancara a vida

entro no carro

e passados os devidos segundos
ela paulatinamente me liga
outra grande e amiga
põe aquela musiquinha da flora matos
cantando pro castor:

"fica só pra esperar o sol
fica só pra esperara o soool
fica só até sol raiar"

é

a vida é massa
e há que sovar.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

carta à tertúlia


minha cara

saudades de nossa tertúlia
imaginária amiga das horas altas da madrugada

me sentava eu pra ti
com elas e alguns ao lado

no toque virtual
um enter
o mundo do outro

é que pra ti, oh passada, me abri em coisas
dei de mim o que já não me resta

fiz um e-mail só pra nós
pra ti ter
tu

tinha vergonha da cara lavada
de escritor anônimo
xinfrim

um dia por loucura minha briguei consigo
dei e mandei um chilique pelo silêncio
demasiada atenção queria eu

assim fiquei

um dia acessei a caixa e era porém muito tarde
nossos encontros sempre davam na noite
mas dessa vez a mensagem
dizia que a conta expirou

o tempo nos matou, gong

fiquei sem amiga
perdi também palavras no espaço virtual
não entreguei as tantas páginas que um dia pedira sobre o sexo
ainda que não fossem dezessete

nossas cartas trocadas de afagos lambidas e trepadas
talvez ainda tenha se alguma coisa valha
quiçá eu na memória

na esperança de ter a amiga de volta
e nossos arquivos também

saudoso de
ter tu
lia
com carinho
cat