terça-feira, 11 de maio de 2010

carta aberta

* essa é daquelas que a gente quer enviar mas não manda, que aqui sirva a quem aprouver.

Caros,

Não é sem dor nem medo que venho dizer-vos o inevitável: tal amor não se sustenta mais, tenho que vos deixar.

A convivência o aprendizado e os horizontes foram tão bons quanto únicos e nada poderia tê-los me proporcionado ao não ser vocês.

Há uma passagem que reflete bem o quero dizer, e por ter sido a mim endereçada como possível condensação textual de uma específica época, creio justo replicá-la:

“Sol e Lua entram em harmonia permitindo a você uma consciência mais crítica acerca das coisas que estão em sua vida, mas que não servem mais. Este é um momento de depuração muito forte, em que o joio é separado do trigo e, deste modo, você pode renovar sua vida. Aproveite para descansar e fazer uma análise honesta daquilo que você pode até gostar, mas que não faz mais sentido prático em sua existência“.

Passei aí, por aí e acolá dos melhores momentos de minha vida, e não é mentira. Mas pra seguir temos as vezes que deixar pra trás simplesmente porque às vezes pesa. E nesse sentido o peso não tem me deixado mais.

Preciso mais do que a vontade de fazer algo mesmo sem saber como. Sou sim de alma menina e por aqui preciso aprender como. Eu poderia ser um bom autodidata, mas quis que eu fosse indisciplinado e irresponsável enquanto aprendiz, o que logo inviabiliza essa possibilidade, mas estou à procura de meios para sê-lo, trabalhando sob supervisão, pressão e altas expectativas para que me atente ao fato de que não posso mais ser aquele menino. E de que não quero.

As urgências do quarto de século gritam. Quero viver 100 anos. E se em um quarto de nossa vida formos jovens, na meta dela adultos e o restante velhos, me parece uma boa equação.

Eu queria poder, juro que queria.

E quero sim que o caminho continue que seja uma estrada daquelas boas de caminhar, que dá certo medo quando faz escorregar e ilumina com tons a alma e a vista quando se chega lá em cima pra ver.

Espero que nos encontremos nessa trilha fractal que pela vida criamos sem saber onde vai dar. Mas ansiando que seja lá em cima.

Desculpas pelo tom, mas é difícil falar de amor e o som do lixo polifônico.