sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

# 2

levo plantas mágicas
cantigam louvores sabiás
o ritual demanda que ascendam trocas
compõe a refloresta os tons entre tantas vidas e eu

passeio o caminho já trilhado por índios negras futuristas
a exuberância não é menor que a diversidade
e aqui o tempo nunca pôde ser outro

deixa escutar saguis que não estão em seus cânticos
escravas lavam mais roupa que alma em poças do rego
até entrever formas geométricas nos dorsos em brasa
o cheiro do café torrado empesteando ares da jurema

'aqui o tempo acontece na medida do pensamento

se se pergunta pois se não há que ser cuidadoso por estar só
já que pode aparecer uma
serpente
ainda que gente
se esverdeando pelo caminho
ela aparece

e se compreende

já é possível codificar a mensagem do assovio que fazem as gotas ao atravessar os poros
no peso da subida degraus são raízes que mantem no chão e ajudam nos passos
junto delas envolvido em seu abraço o calor se sente humano e mais
os troncos corrimãos amigas que amparam gentileza
não faltam toques sempre dão força mas
há sede

'a água que trazia ficou na cachoeira abaixo enquanto preparava a cabeça pra benção
apenas por ter pensado que assim poderia suceder se dela descuidasse

contudo
mexericas e paciência

cravei o indicador nos gomos e senti

seguindo caminho com olhos de quem persegue um cheiro pelo ar
cheguei num rio de troncos secos a tempo de ver o monstro
subindo pela curva que faz a
esquerda

tem quem page mais de 40 ladrões pra chegar rapidinho ao céu

trilhos
e paro

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