quinta-feira, 11 de março de 2010

pelo acaso dos rios

tenho pensados nos meus caminhos, nas possibilidades dadas com o ângulo da curva e nas dúvidas inerentes à encruzilhada, que sabidamente leva-nos a um lugar mas priva-nos do outro.

andei "como afluentes de rios se perdendo e se encontrando no tempo e no acaso" e pelas andanças com pé de cachorro (pra valer a citação acima com ou sem "crachá nos dentes") além dos castores, dos rios que cortam e compõe, da preta fuligem de gás ou querosene que leva , das brancas carreiras que surgem e ascendem, e da esperança, talvez pretensa, que vem com o novo como em janeiro, dei intrigantes nós.

é que nas três novas cidades que pisei : rio preto, rio branco e rio de janeiro, busquei entender-me ao ampliar o horizonte. além do óbvio, que o novo vem como água de rio que nunca é a mesma, alguns sinais do caminho eu anseio por entender.
começou com a perseguição da preta gil. foi assim, em rio preto houve a possibilidade veementemente negada de vê-la num bar gay. em rio branco houve a surpresa de encontrá-la balançando uns 30 mil na parada gay. já no rio de janeiro eu escolhi vê-la de novo mesmo, só pra fechar o ciclo. eu não super estimo os poderes da preta, apesar de hilariante, mas coincidência é o caralho!
pode paracer uma boabagem infantil procurar nexo num evento tão banal, mas eles nunca acontecem isolados.
se acrescento que nessa lisérgica noite carioca uma conterrânea achou-me, por acaso, na multidão quando justamente eu julgava-me invisível. ou se conto que ao andar em ipanema pensando quão agradável seria fumar topo outro conterrâneo, por acaso, fazendo justamente o corre. se lembro-me que vendo o pôr do sol na pedra do arpoador recebi uma ligação dizendo que a yêda morreu... a magia de saber que um dos seus se foi enquanto assisti-se ir aquele que sabemos, volta, acrescida da inegável sugestão dada pelo nome da pedra onde eu, por acaso, estava.

talvez sabendo que vagando ébrio pela lapa a procura de um olhar simpático eu o encontrei argentino tomando um chopp solitário escutando a bossa que a moça cantava e, por acaso, chamado martin. justamente martin, o nome daquele que me hospedou quando à argentina fui. quem sabe lembrando que fui ao rio de janeiro fazer uma entrevista que, por acaso, se passou na avenida rio branco, precisamente no edifício rio branco! décimo terceiro andar, sala 1308, o mesmo número estampado no metrô que, por acaso, levou-me pra casa naquele dia. talvez ao saber que por acaso eu fiz um taxista carioca entrar pela primeira vez, assim como eu, na ladeira do castro onde eu, castor, hospedei-me.

se me arrebata tudo isso é porque em certa medida o fiz acontecer em concordância com todos os outros agentes como num acerto cósmico. o que me deixa pensando se, por caso, eu estava no lugar certo na hora certa fazendo exatamente o que devia...

o cajazeiro que me apareceu em pencas no jardim botânico dando-me o primeiro cajá, cujo suco conheci em rio branco, disse-me que sim.

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