segunda-feira, 15 de março de 2010

baiacu

minha mãe achou em sua gaveta um baiacu
eu o ganhei como um ato de ternura
e o perdi sem dar falta.

é que talvez, de tão cheio de querê-la
tenha me tornado grande demais pra abocanhar...

eu vestia na camiseta um polvo,
achei que o baiacu ornaria bem
e saí a convite dela pra comprar um presente.

imagina o tamanho da surpresa
vê-la levar-me ao encontro daquele que de baiacu me encheu...
surpresa nenhuma, a vida tem dessas.

poderia eu ter ficado consternado, intrigado ou surpreso
o fato é que estou deveras acostumado
outra falta de coincidência banal.

mais tarde no mesmo dia eu ficaria realmente abalado.

escreversobreefeitoadocicadopodesertãoconfusoeesclarecedorquantoseestasobretalefeitoecascoisasvãoacontecendocheiasdeaparentemaiorsignificadoederepentedeumladoseuocomeçodoseupassadopersonificadonumapresençaedeoutroopassadorecentepersonifcadoemoutraoquemelevouafocarmenomeupresenteeemmimlutandocontraatendenciadeabsorvercomamaiorfulgoroambienteexpandirmeporentreeleparaabsorvertudooquepodemedarcomonumaascençãopretensamentecósmicaesendoassimacerqueimedomenorângulodevisãoedanceitãofocadoemimnoqueeunãoqueriaveroupensarqueinduzimeaacreditarquerelamentestavanoutrolugare só.

mas um feminino rosto louro de feições conhecidas
buscando incessante meu fitar
arrancou-me de mim.

trazia com ela água para encher-me baiacu...

2 comentários:

  1. que texto delícia de ler cast!
    e isso aqui:
    é que talvez, de tão cheio de querê-la
    tenha me tornado grande demais pra abocanhar...

    me fez tanto sentido!
    :)
    :*

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